“Um homem atormentado por seu passado. Uma mulher diante da escolha mais terrível de sua vida.”
Sou uma leitora assídua, e percebi que ultimamente não tenho me surpreendido muito, tem aquele acontecimento e eu já vou ligando os fatos e pronto, tudo desvendado. Muito tempo atrás a capa desse livro me chamou a atenção, e infelizmente não pude comprá-lo, mas ele ficou na minha cabeça e ao esbarrar com ele na biblioteca da escola, não resisti. O perfume da folha de chá, de Dinah Jefferies, me tirou da zona de conforto, com um ambiente totalmente fora do convencional, uma escrita leve e em pouco mais de quatrocentas páginas ela conquistou meu coração.
Já no prólogo, treze anos antes, sentimos um suspense que irá se desvendar aos poucos. A história de Gwendolyn e Laurence se inicia no ano de 1925. Laurence é um proprietário de fazendas de chá, e em uma visita a Inglaterra, ele e Gwen se apaixonam perdidamente e logo se casam, mas Laurence precisa voltar rapidamente para o Ceilão, atual Sri Lanka, devido a negócios, então o livro começa quando Gwen está no navio indo de encontro ao seu marido nesse país do qual não sabe nada. Recém casada, completamente apaixonada e chegando a uma terra totalmente desconhecida, ela se sente um pouco nervosa e, é claro ansiosa para rever o marido depois de poucos momentos juntos. Enquanto observa a paisagem asiática que será seu lar, ela troca algumas palavras com Savi, um pintor local que se aproxima. Ao desembarcar, se vê perdida, e com Laurence atrasado, ela vê no pintor um possível amigo, que a ajuda a ficar em segurança nesse ambiente tão diferente do seu. Apesar de toda educação e cortesia oferecida, Laurence não parece muito feliz ao descobrir quem ajudou sua esposa.
Ao chegar na mansão Gwen se sente compelida a conhecer cada canto daquela propriedade, o que lhe causa alguns problemas e acidentes, porém também a leva a descobertas importantes. A mansão Hopper é diferente de tudo que ela já viu, inclusive nas pessoas. Já ao chegar descobre uma grande diferença de tratamento entre os empregados da casa (tâmeis) e da fazenda (cingaleses), apesar de terem um status melhor, os empregados da casa também são tratados apenas como mão de obra.
Apesar de em alguns momentos sentir falta de casa, da família e principalmente de sua prima/irmã Fran, aos poucos o Ceilão vai se tornando seu lar, e quando descobre que está grávida, sua vida parece completa. Mas algo que parece inexplicável ocorre e deixa Gwen na posição de fazer a pior das escolhas, algo capaz de destruí-la.
Apesar do suspense sobre a primeira esposa e sobre o segredo de Gwen, o livro foca principalmente nos conflitos emocionais que ela sofre pela escolha que precisou fazer. No decorrer de toda a história vemos Gwen se posicionar contra diversas situações no tratamento e condições de vida dos trabalhadores, ela tem empatia e faz o que acha certo, mesmo que às vezes isso lhe cause problemas. O contexto histórico mostra de forma bem intensa a segregação entre brancos, cingaleses e tâmeis, e várias situações de conflito entre os habitantes locais, admito que essas situações me emocionaram mais do que os conflitos internos da protagonista.
O Perfume da Folha de Chá aborda temas de grande importância, como diferença entre classes sociais e segregação racial, amor, família e a importância da confiança. Contém uma riqueza de detalhes impressionante, ao ponto de me fazer pesquisar sobre o lugar. Espero que vocês também curtam a viagem ao Ceilão.
PS: quis matar a irmã dele tantas vezes que perdi a conta, mulherzinha insuportável.
Avaliação: Ficha Técnica
Título: O perfume da folha de chá
Autora: Dinah Jefferies
Editora: Paralela
Páginas: 432
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