Apesar de John Green escrever romances adolescentes, eu sempre sinto o impacto de suas obras, nunca termino um livro dele vazia. Sempre aprendo uma lição nova. Eu admiro muito isso em sua escrita, por mais que muitos achem o contrário, seus livros não são meras “historinhas românticas”, Green sempre tem algo importante a ser passado. Pois bem, após seis longos anos de espera, finalmente pude segurar sua nova obra — Tartarugas até lá embaixo — e nem preciso dizer que o hype estava nas alturas né? Meu primeiro pensamento foi — “qual lição João Verde trará agora?” O medo de me decepcionar foi grande, mas, deixando ele de lado, comprei o livro e hoje falarei para vocês o que esperar desse lançamento.
Green vai contar a história de Aza, uma menina que sofre de TOC — Transtorno Obsessivo Compulsivo — e precisa lidar com isso enquanto tenta levar uma vida normal com sua mãe e amigos. Até que sua amiga Daisy, por causa de uma recompensa de cem mil dólares, tem a ousada ideia de procurar um bilionário que sumiu quando estava prestes a ser preso. Acontece que esse bilionário é pai de Davis, alguém que Aza conheceu no acampamento Spero — ou Camping Depressão, como ela chamava —, na infância, e Daisy quer usar isso a favor, mas Aza insiste que ela não se lembra mais dele.
— Ele nem deve se lembrar de mim.— Todo mundo se lembra de você Holmes — insistiu Daisy.— Isso não foi…— Não é um julgamento de valor. Não estou dizendo que você é muito boa ou generosa ou muito legal, só estou dizendo que é memorável.
Partindo então atrás de pistas sobre o bilionário fugitivo, em uma confusão as duas acabam dentro da casa de Davis, que a propósito se lembra muito bem de Aza!
“Eu não sabia se deveria abraçá-lo, e ele parecia estar com a mesma dúvida, por isso ficamos ali parados olhando um para a cara do outro, sem nos tocar, o que, para ser sincera, é minha forma preferida de cumprimento.”
E à medida em que Aza se aproxima de Davis, mais a sua “missão” se torna difícil, pois ele se mostra uma pessoa maravilhosa, apesar de ter vivido uma vida de solidão na qual as pessoas se aproximam mais pelo que ele tem do que pelo que ele realmente é.
“Qual a diferença entre quem somos e o que temos? Talvez nenhuma.”
Sabemos que João é ótimo no quesito construção de personagens e em Tartarugas até lá embaixo não foi diferente. Daisy é aquela personagem que não falta nos livros do Verdinho. Bem humorada, espirituosa, esperta, não tem como não ser conquistado pela garota.
“— Bem-vinda ao futuro, Holmes. O negócio agora não é mais hackear computador, é hackear a alma humana.”
E como de comum na escrita nosso autor queridinho, há muitas referências da cultura pop no livro. Daisy é uma das responsáveis por isso, já que é extremamente fissurada em Star Wars e escreve uma fanfic sobre um romance entre Chewbacca e Rey!
“— E por que você está falando no passado?— Porque tudo isso aconteceu há muito tempo, numa galáxia muito, muito distante, Holmes. Sempre se usa o passado quando se fala de Star Wars. Dã.”
Falando em Star Wars, temos o Davis, personagem apaixonado por estrelas, planetas, universo em geral — mas juro que não gostei dele só por isso. Apesar da riqueza, Davis é super humilde e tem um amor extremo pelo irmão, fazendo de tudo para vê-lo bem.
Claro que não poderíamos deixar de falar da nossa protagonista, a Aza. John Green conseguiu transmitir muito bem como é a mente de uma pessoa que sofre de TOC já que a história é narrada pelo ponto de vista dela. O que me leva pensar que muito do que Aza pensava ou falava partia da realidade do próprio John Green, já que o autor também tem TOC, e nem imagino o quão difícil foi pra ele externar um pouco disso tudo que sente.
Como eu disse anteriormente, não há um livro do John Green que eu termine vazia, sempre há algo a aprender. Por mais que sejam histórias escritas de modo simples, ele consegue transmitir a sua mensagem de modo abrangente e é por isso que eu o amo tanto. E em Tartarugas até lá embaixo não foi diferente e por isso foi um dos melhores do ano!
Dados Técnicos:
Título: Tartarugas Até Lá Embaixo
Autor: John Green
Páginas: 269
Editora: Intrínseca (2017)
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